sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Entrevista com Rafael Leitão

Interessante notar como todos os integrantes do "trio parada dura" do nordeste aprenderam a mover as peças em ambiente familiar.
Não há como não recordar minha infância aqui em São Luís, rodeado de tabuleiros e livros de xadrez. Meu pai, José Leitão Jr, costuma brincar que se um de seus filhos não soubesse sequer os movimentos, certamente algo tinha dado errado. Em tempo: papai tem cinco filhos, um com mais de 30 e uma com menos de uma década de existência, e todos cumprem a exigência do código genético. Aliás, um dos membros do clã até que arruma "direitinho" as peças no tabuleiro. Ele é o nosso entrevistado de hoje. Divirta-se.



único confronto entre os irmãos (Imperatriz-MA, 2003)

Blog: Rafael, saiu o emparceiramento do Mundial. Qual a expectativa para o match contra Timofeev?
Rafael: É um adversário difícil, que está acostumado a jogar com os melhores do mundo,
apesar de não ter tanta experiência em matches. Vou me preparar o melhor possível
e tentar aproveitar as chances que aparecerem, de brancas ou de pretas.
É importante utilizar todo o tempo de preparação apenas para este match.
Se eu avançar, a energia e motivação que sempre procedem uma vitória suprirão
a ausência de preparação específica para o próximo adversário.

Quais são, na tua opinião, as chances de Milos e Fier?
Serão ambos matches equilibrados, sem favoritos. Fier atualmente está jogando mais
e melhor que o Khalifman, mas o russo tem mais experiência, o que equilibra. Milos jogando
no seu máximo não é inferior a Efimenko, e o brasileiro este ano está jogando melhor do que
à época da última Copa do Mundo (2007).

O Brasil teve resultados históricos este ano: campeão da I Olimpíada do Mercosul,
campeão pan-americano (com teu ponto decisivo sobre Bruzón), quatro jogadores acima de 2600,
Fier e Vescovi com os maiores ratings de todos os tempos. A que se deve esse progresso?
Nossa equipe atualmente é muito forte porque os 4 primeiros tabuleiros estão em boa fase.
Entretanto, não vejo um grande progresso como um todo, basta observarmos a grande diferença
de rating e força que temos do Milos para baixo. A grande diferença de uns anos pra cá é que
temos mais um jogador de alto nível (Fier). Fora isso, não há grande diferença em comparação
com a equipe que jogou em Turim, 2006, por exemplo.


O nordeste também fez história ao abocanhar três das cinco vagas oferecidas pela Semifinal à
Final do Brasileiro. Contigo, que és maranhense, temos quatro nordestinos classificados ao máximo
evento do calendário nacional. Como tu enxergas esse momento?
Com certeza é um resultado expressivo para a região. Confesso que fiquei surpreso com o
resultado da Semifinal. O mais importante é notar o trabalho que vem sendo feito no nordeste,
com vários abertos, torneios de norma etc, algo inimaginável quando eu ainda vivia no Maranhão.
Agora é esperar que o apoio continue e que seja viável morar no nordeste e ser profissional
de xadrez, pois atualmente isso só é possível morando em SP.

Agradecemos enormemente pelas respostas. O espaço está aberto para suas considerações finais.
Deixo aqui meus parabéns a todos os classificados na Semifinal e conto com a torcida dos
enxadristas brasileiros durante a Copa do Mundo!

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